terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

CASA GRANDE ACALMAVA A SENZALA COM FESTEJO DE ATABAQUES E CACHAÇA

Muitas pessoas não conseguem perceber a semelhança do carnaval brasileiro com as festanças promovidas eventualmente pela Casa Grande depois de algum castigo no pelourinho, onde alguns escravos eram açoitados pelos feitores. Dessa maneira, eles acalmavam os ânimos revoltados dos outros escravos ou escondiam suas crises financeiras dos olhos dos outros senhores de engenho.
Era uma festa barata, regada com muita cachaça e algum alimento de péssima qualidade que provavelmente ninguém queria comer na Casa Grande. Os escravos que eram proibidos o ano inteiro de bater seus tambores e dançar os seus ritmos tribais, nesse dia eram liberados e no dia seguinte o trabalho era dobrado. Ninguém reclamava, ficavam até agradecidos aos seus senhores.
Quando levanto a questão do festejo popular, não quer dizer que condeno a vontade das pessoas em se esbaldarem durante tantos dias numa farra chamada Carnaval e sim, fico preocupado com as consequências. O país como o Brasil que pretende resolver os seus problemas históricos, fica praticamente paralisado pouco antes do Natal que culmina este período estéril na suposta quarta feira de cinzas.
Depois de tanto tempo com as engrenagens oficiais e particulares estagnadas, só podemos supor que qualquer país colocaria um limite para reduzir o desperdício. Mas no Brasil eles aumentam todos os anos os dias de festejos que se tornam um feriado inexistente, mas consagrado. O motivo fica suspeito e as indagações questionando tudo isso, se tornam malditas.
Depois do Golpe de Estado de 2016, desapareceu a alegria verdadeira do povo brasileiro, retrocedemos ao que o tornou famoso no mundo inteiro, nomeando nosso país de “Republica das Bananas”, também cedendo lugar a uma hipocrisia triste e coletiva da classe média. Eles propagandearam uma crise econômica falsa e gastam sem remorsos e sem limites em camarotes carnavalescos em Salvador que cobram até R$ 3.000,00 por dia. Estamos mesmo numa crise? A quem atingirá?
Por outro lado, os contumazes defensores da ampliação dos festejos carnavalescos alardeando que a festa beneficia o povo, que supostamente produz um ganho, geração de renda. Pura falácia, pois não passa de uma ilusão. Os vendedores ambulantes pensam que ganham dinheiro, mas no fundo estão sendo manipulados para favorecer aos grandes empresários que distribuem seus produtos sem qualquer risco, a exemplo da cerveja.
Enquanto isso, nós brasileiros deveríamos ter vergonha em expor os mais desvalidos que durante os carnavais dessa vida se prostituem diante dos turistas estrangeiros. Dos que se sujeitam ao sacrifício de dormirem nas calçadas, nos gramados e sobre caixas de papelão por todos os lados para vender tudo que é coisa imposta pelos ricos industriais, os senhores da Casa Grande.

Em fim, precisamos enxergar o malefício dessa festa e não apenas o espetáculo que só mostra a beleza ou alegria feita de isopor, mas no fundo esconde a miséria do povo, não mostra os lucros gordos depositados nas contas bancarias dos empresários gananciosos. Ou seja, quem ganha são sempre os mesmos. Infelizmente caberá sempre ao povo apenas as sobras do banquete.

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